segunda-feira, 27 de julho de 2009

BENFICA português!

O Benfica venceu, e convenceu, no torneio de Amesterdão.
Gostei sinceramente do que vi, especialmente da jogada do segundo golo, ontem frente ao Ajax.
A “necessidade” de vitórias, a fome de títulos e a actual conjuntura “comercial/futebolística” faz com que o Benfica, maior nome desportivo nacional, se apresente no jogo inaugural do torneio, frente ao Sunderland, sem um único jogador português.
Sou acérrimo defensor da imposição de um limite ao número de jogadores estrangeiros nas equipas. Sou acérrimo defensor da não utilização de jogadores naturalizados na selecção.
Passo a justificar a minha opinião.
Acredito no futebol enquanto paixão, não o vejo como uma empresa de entretenimento que te apresenta apenas actores para desempenhar um papel para o qual são pagos.
Não retirando valor ao onze apresentado (Moretto; Maxi Pereira, Luisão, David Luiz e Shaffer; Javí García, Ramires, Di Maria, Aimar, Saviola e Cardozo.) prefiro com toda a certeza o tempo em que reconhecia os jogadores quando os via a metros de distancia. Hoje em dia, mesmo com os grandes planos das TVs tenho dificuldade em identificar muitos deles.
Acredito nas referências no balneário, aquelas referências que te ensinam a ir ao centro do terreno na entrada da equipa e te “obrigam” a fazer uma vénia ao Terceiro Anel, embora ele já não exista.
Acredito nos “símbolos” e nas “bandeiras”. Aqueles homens que te sentes honrado por partilhar o balneário e que tem algo mais para te contar sobre o clube em vez de te indicar qual a discoteca mais In ou o bar da moda.
Acredito nos Homens com obra e com espírito de missão que servem os clubes e que não vão para os clubes para enriquecerem ou para se auto promoverem. Abomino Abramovich´s, Murdoch´s e Cia que compram os clubes e os transformam na sua playsation privada.
È por estas e por outras que defendo a necessidade de ter jogadores portugueses na equipa para se preservar a nossa HISTORIA e a nossa TRADIÇÃO e para haver quem passe o testemunho e as historias gloriosas que escrevem a nossa historia.

A ULTIMA BANDEIRA

Na sequencia deste assunto vejo-me obrigado a escrever sobre a nossa ultima bandeira, não daquela bandeira que ondula ao vento, mas sim da ultima bandeira dentro de campo, caso prefiram o ultimo porta-bandeira.
É um caso simples mas que ilustra o que o futebol tem de melhor. A comunhão entre o adepto e o seu ídolo, a comunhão pelo amor a um símbolo e a uma instituição.
A 11 de Maio de 2008 a Luz preparou-se para a despedida dessa ultima bandeira, ultima referência de Benfiquismo dentro de campo.
Como habitual fiz-me acompanhar pelo meu companheiro e melhor companhia que posso ter na bola. Cada pergunta, cada gesto, cada olhar mostra, nele, um gosto inexplicável por aquele ambiente, quem sai aos seus…
Ele já sabia que era a despedida do camisa 10, mas na inocência dos seus 7 anos, só se apercebeu realmente do que se ia passar quando realmente viu um estádio inteiro a dizer adeus ao porta-bandeira.
Foi com alegria que o vi de lágrimas nos olhos e de garganta “trancada” sem conseguir dizer nada a fazer adeus em direcção ao relvado.
A tristeza de ver o fim da carreira de uma das minhas referências, contrastou com a alegria de ver que o meu “legado” foi passado.
Foi naquele preciso momento que senti que o Benfica tinha entrado no sangue do meu companheiro de bancada. Entrou da forma mais pura, com paixão e sentimento, muito sentimento.
Enquanto toda a gente se atropelava para apanhar umas das muitas camisolas atiradas para a bancada, uma criança com 7 anos, chorava pela despedida, sem querer saber sequer daquelas camisolas, porque afinal de contas podia comprar uma igual na loja do estádio.
Aquelas camisolas que eram atiradas faltava-lhes uma coisa: O suor e o empenho, ou seja, faltava-lhes TUDO.
Temo que sem bandeiras, referencias e portugueses um dia faltem os Benfiquistas capazes de transmitir estas emoções.
É que o futebol vive de emoções, de paixões e no dia em que tudo isto for transformado apenas em vaidades e dinheiro esta tudo na merda.
Obrigado Rui, facilitaste-me a missão de explicar o que é o Benfica. Aquela mística que não se vê mas se sente (cada vez menos).
Se me é permitido dar-te um conselho. Protege-te enquanto dirigente, o futebol e especialmente o Benfica, tem uma facilidade incrível em deixar cair quem o ama e lá anda por gosto. Um dia és bestial no outro dia és uma besta. E se dentro do campo tinhas a hipótese de te defender e mostrar o que valias aos olhos de todos, no meio dos corredores, gabinetes ou camarotes e secretarias és “entalado” ou difamado rapidamente. Apenas e só porque podes já não interessar. Porque não pactuas…

4 comentários:

  1. Muito bom post.Tens toda a razão.Neste momento e neste futebol moderno falta a tal historia tradição nas bancadas do nosso estádio,mas tambem em muitas casas por esse pais fora.Continua com o blog.Abraço

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  2. Posso estar redondamente enganado mas ainda revejo em dois jogadors esse espirito de porta bandeira do clube, o Nuno Gomes seja ele bom ou mau jogador, é para mim neste momento o BENFIQUISTA daquele plantel a par do Moreira. Mas que falta que faz a historia e a tradiçao reentrarem no vocabulario nao so do futebol mas até mesmo do país.

    Vitor SImao

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  3. O Nuno Gomes que vá ás Docas buscar os party-boys às 05h em vesperas de treinos como os verdaderos capitães faziam.
    Mas "um dia estou aqui, noutro estamos acolá, não me vou chatear..."
    A despedida do Rui foi a causa de me fazer chorar, o que já não acontecia há muiiiiiiiito tempo... Até porque ainda o via magricela, cabelo à tigela, a levar a bola pelo centro, cheio de tiques nas maos...e sabia que ele era o último da sua casta...

    O_Ultra

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  4. Chorei...chorei..chorei...o meu ídolo de menina!Arrepiante...num momento daqueles,para NÓS benfiquistas,qq palavra não seria suficientemente forte para exprimir o que nos ia nos corações VERMELHOS!

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